Cia Hecatombe é de São José do Rio Preto, atualmente sou ator convidado a participar de dois dos projetos da cia, já tendo anteriormente produzido outros dois projetos vinculados a mesma.
Ao chegar em S.J. do Rio Preto em 2009 fui convidado por Homero Ferreira para participar da montagem do espetáculo Orégano, texto do argentino Sergio Lobo. Assim começa minha ligação com a cia. Hecatombe. O nome já existia, a cia foi fundado por Homero Ferreira e Daniele Veiga em 2005, mas foi em 2009, com Orégano, que a cia começa a se estabelecer e ganhar destaque na cidade e na região. Inicialmente o elenco contava com Clarissa Maria (Romina), Jaqueline Brambila (Mãe), André Almeida (Mãe), Homero Ferreira (Gordo) e Bruno Cavalcanti (Pai).
O processo inicialmente era de direção coletiva, o que na prática não funcionou da maneira que pensávamos. Eu tomei a frente dos ensaios nesse primeiro momento sendo o condutor do processo de criação, improvisações, criação de estados físicos e compreensão dos textos.
A estréia não foi como pensávamos, alias, foi péssima (rs rs rs), a ausência de um olhar externo surgiu como um problema que foi resolvido rapidamente, o diretor da cia tornou-se também diretor do trabalho, Homero sai do papel de Gordo (agora assumido por André Almeida) e passa a ser o diretor do trabalho. A parte criação já estava feita, bastaram alguns encaixes de cenas, alguns direcionamentos e pronto, em pouco tempo o espetáculo estava de novo pronto e precisava ser visto em seu novo, e melhorado, formato.
Em 2010 escrevi um projeto para o festival Curta Teatro, organizado pela ASSOCIART e pelo SESC Rio Preto, o espetáculo curto era o Uma História de Borboletas, inspirado no conto homônimo de Caio Fernando Abreu (escritor familiar, mas é assunto para outra postagem ;D). O trabalho foi um solo de 13 minutos onde dirigi e atuei, tentando imprimir minhas impressões sobre o tema da loucura e do estado de solidão de vários dos personagens de Caio Fernando.
No ano seguinte o
Uma história de borboletas se transforma no
Uma História de [Borboleta in Process], um espetáculo performático dirigido por mim (de leve) e por Alexandre Manchini Jr. (parceiro de faculdade) vindo de Curitiba para dirigir o espetáculo. A presença de Alexandre muda tudo no espetáculo, que não é mais um solo, e sim um espetáculo com quatro atores, Eu, Clarissa Maria, Arthur Tornelli e Nadia Nagel. É uma releitura do primeiro espetáculo que mistura elementos do conto de Caio com a pesquisa iniciado por mim sobre Artaud. O caminho que encontramos para essa junção (não tão inesperada) veio na performance. Não que o espetáculo fosse em si uma performance, mas haviam muitos elementos performáticos, inclusive uma cena na qual eu retirava meu sangue com um seringa real em cena. O espetáculo foi apresentado no Festival Internacional de Teatro de Rio Preto (FIT) em 2011, sendo ele um work in process, ainda está em aberto e há chances de retomar o projeto novamente.
Em 2011 André Almeida deixa o espetáculo
Orégano, quem assume o papel de Gordo é Alexandre Manchini. O espetáculo mais uma vez é reformulado, alterações antes impensáveis são feitas para melhorar o ritmo do espetáculo. Nova bateria de ensaios envolvendo Alexandre Manchini, Clarissa Maria, Jaqueline Brambila e Eu redefine o fim do espetáculo e modifica a cara da obra pouco antes da temporada em São Paulo.
2012 é o ano que tem inicio o processo de criação do espetáculo
Cheiro de Carne, projeto vencedor do PROAC 2011 para criação de espetáculo inédito. O espetáculo é baseado na pesquisa da cia sobre NeoGrotesco (viagem feita para a Argentina em janeiro de 2012) e na obra do pintor Carlos Alonso. A direção de criação é de Bruno Cavalcanti (eu) e Alexandre Manchini, o ponto de partida da criação individual dos atores é escrito por Homero Ferreira. No elenco Bruno Cavalcanti, Clarissa Maria, Alexandre Manchini, Homero Ferreira e Marina Pitombeira.
O espetáculo propõe o dialogo com projeções, estruturação de imagens, paisagens sonoras, tudo em uma colagem de quadros individuais criados pelos atores/criadores envolvidos. A unidade do espetáculo acontece através do cerne de criação, um hospital/açougue/hospício onde a garota do telemarketing é a palhaça que transa com os pacientes, o doente terminal se torna rockstar ao ler Albert Camus, o preso por tráfico revela a infância que é cópia da cópia, a médica especialista em amputações assume o açougue da família, e essas trajetórias se tangem dentro dentro desse prédio escuro bem no centro da cidade.
Cheiro de Carne é esse cheiro de cachorro deitado no chão molhado, com o cigarro apagado do lado, é esse cheiro doce, cheiro de gente morta, cheiro de chiclete nas juntas, cheiro de criança, de escola, de açougue antigo com balança de metal...
Em 2013 os integrantes do espetáculo terminam a circulação desse projeto e também do espetáculo
Orégano, que ganhou o PROAC 2012 de circulação.